segunda-feira, 24 de maio de 2010

Respeite seu corpo





Outro dia encontrei um grande amigo meu. Médico-cirurgião, esportista de longa data, mas sem aspirações competitivas. Acho que nunca correu uma prova de 10K sequer.

No meio do bate-papo, combinamos um treino no dia seguinte. Sabe aquela coisa meio descomprometida do tipo “a gente se fala”, “me liga para combinarmos o horário”.

Pois bem. Acordei cedo e fui para a USP cumprir meu treino de ciclismo. Duas horas e meia, ritmo moderado, o famoso treino longo de sábado. Você não sai esbaforido como em um treino de tiro, mas também não sai ileso apos pedalar 70 Km.

No meio do caminho para casa liguei para meu amigo e combinei o treino de corrida. Nos encontramos e fomos correr. A idéia era um treininho de 10K. Nada muito forte, boa distância, tinha tudo para dar certo.

O primeiro quilômetro foi de aquecimento. Até aí tudo bem. Aos poucos fomos apertando o passo e quando dei por mim, me vi correndo num ritmo bem acima do que estou acostumado. Forçando mesmo. Corre bem o meu amigo.

Um atleta da minha equipe disse uma vez num treino de bike que manter um ritmo cadenciado moderado é uma arte. Principalmente quando o pelotão da equipe adversária passa por você 3 ou 4 Km/h mais rápido, triunfante, fazendo com que você se sinta uma tartaruga manca. Um outro amigo me diz que às vezes a gente precisa fazer 40 anos rápido, pois a maturidade muitas vezes é um diferencial positivo na tomada de decisões.

Como eu não sou artista e ainda me faltam alguns bons anos para chegar aos 40, ignorei por completo meu limite físico e botei-me a correr no mesmo ritmo que meu amigo cirurgião.

O resultado não poderia ser outro. Treino de bike longo combinado a treino de corrida forçado é igual a dor. Acordei no dia seguinte acabado, joelhos em frangalhos, costas escangalhadas e orgulho ferido.

Passado o “Day-off”, fui para o treino. A piscina parecia ter dobrado de tamanho. Sobrevivi ao treino de natação e fui para a musculação. A professora que me acompanha notou meu abatimento e me alertou que talvez eu estivesse chegando a um estado de over training. Melhor dar um tempo e descansar, segundo ela.

Conhecedor que sou dos efeitos de uma lesão e do tal over training, aceitei o conselho e tirei a semana de folga. Acordei mais tarde, assisti o programa do Jô, vagabundeei.

Na semana seguinte parecia que meu corpo era outro. Rápido, resistente, forte. Me lembrei de um trecho do livro Semente da vitória do Nuno Cobra, em que ele diz que tão importante quanto treinar é descansar. Sono é treino, dizia ele.

Na próxima vez que seu corpo pedir uma folga, pense duas vezes antes de ignorá-lo. Às vezes um dia de descanso vale muito mais que uma semana inteira treinando cansado.


Rodrigo Raso é Triatleta da equipe Butenas e sócio-diretor da agência Milk Comunicação Integral, empresa especializada em MKT Esportivo e Running.

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