quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Depoimento sobre a Drink&Run

Passei a semana aguardando ansiosamente pelo dia da prova. Minha esposa comentou que parecia que eu estava mais animado com a Drink & Run do quê com o meu primeiro Iron Man 70.3, completado há menos de 1 mês. Não parecia, não. Eu realmente estava mais empolgado com aquela prova. Chegamos no local de concentração para a largada. Uma das cenas mais insólitas que eu já havia presenciado. Uns 100 corredores, apertados nas suas regatas de algodão por dentro dos shorts curtos, meião até o joelho, faixa na cabeça e um bigodão falso de fazer inveja ao Freddie Mercure Prateado. Eu coloquei meu Nike Lunaracer, o tênis mais leve do mundo com apenas 160g, pensando que seu apelo de performance me ajudaria a cumprir aqueles 8K regados a cerveja num tempo excepcional. Minha meta era terminar a prova abaixo das 3 horas!
Largamos! A primeira volta em torno daquela pracinha chique no meio da Vila Nova Conceição, onde paulistanos abastados levam suas crianças para brincar. As pessoas que estavam no café ao lado da praça não entenderam nada. Talvez se eles conhecessem a trajetória de Steven Prefontaine, aqueles corredores bigodudos pudessem ter provocado sentimentos profundos naqueles corações endurecidos. Não foi o que aconteceu. Sentimos apenas aqueles olhares preconceituosos fitando nosso grupo.
Pausa para a primeira lata de cerveja. Apenas 500m e alguns já agiam como se o álcool lhes coibisse a timidez. Mais uma volta na praça, mais uma cerveja e lá fomos nós São Paulo a fora. A partir daí aconteceu de tudo. Invasão de carros, empréstimo forçado de bandeiras de divulgação de lançamentos imobiliários, muros transformados em banheiro público em plena Av. Brigadeiro Faria Lima. Fico imaginando aquelas mocinhas explicando para o chefe de promoção da construtora: “Juro! Eram uns 100 bigodudos em umas roupas ridículas correndo. Vieram 10 em cima de mim pegar a bandeira. Eu não tive o que fazer!” As companheiras de trabalho confirmando o acontecimento que também lhes tirou as bandeiras.
Lá pelo sexto bar, seis KM depois e 12 cervejas ingeridas, nada mais fazia muito sentido. Invasões de bares, as ruas tomadas pelos bigodudos. A CET chegou a nos observar de longe, mas devem ter entendido que não havia nada a fazer e partiram. Os organizadores da prova, Akira e Patrick, completamente sóbrios, que fique claro, já usavam o recurso de chamar os participantes pelo nome no megafone. Segundo o Akira, só assim para manter alguma ordem naquele caos de corredores alterados. Aquela empolgação inicial para correr havia passado.
Muitos andavam, os organizadores incentivavam um trote leve. Mais um bar. Ninguém se negou a cumprir a meta de 2 latinhas. Mais um KM. O último e chegamos no bar Da Rua no Itaim. Mais cervejas e a festa. Fiquei mais um pouco, tomei uma água e fui para casa. Meio confuso, mas satisfeito com minha performance. Por curiosidade olhei meu tempo no relógio. Três horas e onze minutos de prova. Não consegui correr abaixo das 3h. Paciência. Quem sabe ano que vem...

Rodrigo Raso é Triatleta da equipe Butenas e diretor da agência Milk Comunicação Integral, empresa especializada em MKT Esportivo e Running.

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